Este perÃodo é considerado crÃtico, pois os pacientes podem estar inconscientes, entorpecidos e com diminuição dos reflexos necessitando de uma assistência de enfermagem e médica especializada.
Para esta assistência é necessário a utilização de materiais e equipamentos, assim como uma assistência voltada para a individualidade de cada paciente, desde a admissão até a alta da unidade. (45)
A avaliação do paciente no perÃodo pós-operatório ao ser admitido na SRPA inicia com a adequada verificação das vias aéreas e circulatórias. (41)
As vias aéreas são examinadas quanto à permeabilidade, oferecendo oxigênio umidificado se for necessário e a observação do ciclo respiratório. Deve instalar o oxÃmetro de pulso para verificação de saturação de oxigênio e pulso periférico, além do monitor cardÃaco para verificar a freqüência e o ritmo cardÃaco. (41)
Entre os cuidados pós-anestésicos prestados ao paciente incluem avaliações freqüentes, intervenções, e acompanhamento das funções respiratórias e cardiovasculares, estado de hidratação, funções neuromusculares, estado mental, náuseas e vômitos, drenagem e sangramento, e débito urinário. (17)
O enfermeiro do centro cirúrgico deve comunicar com antecedência a equipe da SRPA às condições do paciente e se será necessário a utilização de equipamentos, como, ventilador mecânico garantindo a qualidade da assistência a ser prestada.
A American Society of PeriAnesthesia Nurses (ASPAN)(41) recomenda que o registro de enfermagem referente ao perÃodo pré e trans-operatório contenha as seguintes informações:
- Informações pré-operatórias relevantes como sinais vitais, achados radiológicos, resultados de exames laboratoriais, saturação de oxigênio, alergias, efeito das medicações pré-operatórias, deficiências, uso abusivo de drogas, limitação da mobilidade e uso de próteses. No paciente pediátrico deve-se informar: história de nascimento, etapa de desenvolvimento e interação pais-filho;
- Técnicas anestésicas e agentes administrados;
- Duração da anestesia e horário que os agentes de reversão foram administrados;
- Tipo de cirurgia ou procedimento invasivo realizado;
- Perda hÃdrica ou sanguÃnea estimada e tratamento de reposição;
- Complicações ocorridas durante a anestesia, tratamento e resposta do paciente;
- Estado emocional do paciente à chegada ao centro cirúrgico ou sala de procedimento.
Este registro está inserido nas etapas da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatório que, desde 2000, é obrigatório no Estado de São Paulo de acordo com a Decisão COREN-SP/DIR/008/99. Porém, existem diversos relatos de dificuldade das instituições hospitalares em implantá-lo.
A obrigatoriedade legal da inserção do processo de enfermagem neste tipo de paciente coincide com a seriedade com que o mesmo deve ser avaliado. Paciente em estado crÃtico, em pós-procedimento anestésico e cirúrgico, motivo pelo qual a equipe de enfermagem necessita dispor de informações corretas e pertinentes ao perÃodo perioperatório e, mais especificamente, da assistência de enfermagem prestada ao paciente na SRPA. (37)
Atzingen , Schmidt e Nonino (2008) propuseram um instrumento para a avaliação do paciente em pós-operatório imediato na SRPA devido a necessidade de intervenção precoce, visando diminuir a incidência de complicações neste perÃodo, seguindo a mesma lógica do ABCDE do Trauma. (3)
Outro instrumento de registro para avaliação do paciente na SRPA foi desenvolvido e validado por Cunha e Peniche (2007) quanto ao conteúdo e forma de apresentação. Porém, as mesmas autoras sugerem que seja realizada adequação de acordo com o tipo de instituição e do paciente atendido no centro cirúrgico. (12)
Outras informações como ASA, condição das vias aéreas, presença de sondas, drenos e cateteres; acessos venosos também devem ser registrados no prontuário do paciente. (41)
Este perÃodo requer avaliação e assistência constante devido a maior vulnerabilidade e instabilidade em decorrência das drogas anestésicas e do procedimento cirúrgico. Esta avaliação oferece informações para o planejamento e a implementação da assistência de forma segura e eficaz. Compete ao enfermeiro considerar os seguintes fatores de risco existentes: (45)
- Riscos cirúrgicos: extensão do trauma residual e suas alterações neuroendócrinas, sangramento cirúrgico, potencial de dor pós-operatória e alteração de sinais vitais em decorrência do tipo e tempo cirúrgico.
- Riscos anestésicos: drogas pré-anestésicas e anestésicas utilizadas, potencial de depressão respiratória, tipo de anestesia administrada, dose empregada, tempo de ação dos fármacos e interação com outras drogas.
- Riscos individuais: estado emocional, idade, estado nutricional e doenças associadas.
Foi realizada uma pesquisa de Panossian et al (2008), cujo objetivo era avaliar a associação entre o uso da manta térmica no intra-operatório de pacientes submetidos à prostatectomia radical e o tempo de permanência na SRPA. Eles constataram que houve diferença estatÃstica significativa na média de tempo de permanência na recuperação pós-anestésica entre os grupos estudados, sendo maior nos pacientes em que a manta térmica não foi utilizada no perÃodo intra-operatório, ou seja, aqueles pacientes que utilizaram a manta térmica durante o intra-operatório permaneceram na SRPA em média 139,66 minutos e os que não utilizaram a manta térmica permaneceram na SRPA 208,28 minutos. (31)
Na tabela Nº.3 é descrito quais as condutas a serem realizadas na avaliação inicial de um paciente admitido na SRPA.
O exame fÃsico também deve ser realizado na avaliação do paciente e deve contemplar a inspeção, ausculta, palpação e percussão junto como levantamento de dados sobre o estado de saúde do indivÃduo e o registro das anormalidades encontradas. (45)
Em relação a frequência das avaliações é recomendado que durante a permanência do paciente na SRPA, a sua avaliação seja a cada 15 minutos na primeira hora, caso se apresente estável, a cada 30 minutos na segunda hora e a após, de hora em hora. Esta freqüência varia de acordo com a situação do paciente podendo ter intervalos menores do que o recomendado. (9)
São utilizadas escalas para facilitar esta avaliação do estado fisiológico dos pacientes submetidos ao procedimento anestésico-cirúrgico.
Para Peniche (1998) é necessário adicionar aos métodos de avaliação já existentes a construção de padrões e critérios de avaliação da assistência prestada em sala de recuperação anestésica ao paciente, bem como a validação dos mesmos, pois cada SRA precisa desenvolver seus próprios padrões e critérios consonantes com os objetivos da instituição. (33)
Entre estas escalas estão:
1. Ãndice de Aldrete e Kroulik
Desde 1970 que existe a preocupação com o paciente no perÃodo pós-anestésico, quando Aldrete e Kroulik, inspirados na escala de Apgar para o recém-nascido, propuseram um método de avaliação das condições fisiológicas dos pacientes submetidos a procedimento anestésico. (45,19)
Atualmente o Ãndice de Aldrete e Kroulik é o critério mais utilizado para avaliação do paciente em pós-operatório na SRPA. (3)
Este Ãndice baseia-se na avaliação dos sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso central e muscular. Cada resposta referente a cada item corresponde a uma pontuação que varia de 0 a 2 pontos. Após a avaliação de cada item, somam-se os escores, obtendo-se um escore total que significa alta ou permanência do paciente na SRPA. Desta forma, a máxima pontuação é de 10 pontos e o paciente estará apto para receber alta da SRPA quando atingir pontuação igual ou superior a oito pontos (9) . Isto é, o paciente deve estar acordado, responsivo, eupnéico, movimentando os quatro membros e com os sinais vitais estabilizados.
Abaixo está a escala do Ãndice de Aldrete e Kroulik:
Maneiras de como deve ser avaliado os parâmetros de acordo com o Ãndice de Aldrete e Kroulik: (45)
- - Respiração – Deve-se verificar a freqüência respiratória e a verificação da expansibilidade torácica por um minuto.
- Pressão arterial (circulação) – Retrata, de forma simples, a atividade do sistema cardiovascular. Porém, a técnica exige treinamento da equipe em relação aos sons produzidos pela pressão sistólica e diastólica e aos manguitos apropriados para pessoas obesas, magras e crianças.
- Oximetria de pulso (saturação de oxigênio) – Os oxÃmetros de pulso medem a saturação da hemoglobina baseando-se na pulsação do sangue arterial, pois emitem uma onda luminosa com um comprimento ligeiramente aumentado e no uso de dois comprimentos de onda. Portanto, no ar ambiente, a saturação de oxigênio de uma pessoa saudável e jovem deve ser de 98% a 100% e em idoso abaixo de 90%, já os fumantes ou portadores de doenças pulmonares abaixo de 80%. (11)
- Atividade muscular – Avaliação é através da movimentação voluntária do paciente no leito. Este parâmetro é importante quando o indivÃduo é submetido a uma anestesia regional incluindo a anestesia espinhal, epidural, caudal e os bloqueios de grandes nervos periféricos em que o mesmo perde temporariamente a sensibilidade térmica, táctil, dor e motilidade. (11)
- NÃvel de consciência – Deve-se chamar o paciente pelo nome estimulando-o e avaliando alteração do nÃvel de consciência,pois neste perÃodo, a consciência sofre alteração decorrente da ação e natureza do anestésico. (11)
Este Ãndice utiliza apenas três itens sendo mais fácil sua utilização em pediatria tendo como objetivo de verificar os estágios de recuperação de crianças submetidas a procedimentos sob anestesia geral, pontuando os itens acima de zero a dois (11). O escore máximo possÃvel para o Ãndice de Steward é 6.
De acordo com a American Perioperative Room Nurses (43) os cuidados pós-operatórios, a monitorização e os critérios de alta devem ser consistentes para todos os pacientes. Devido a isto, o tempo de recuperação depende do tipo e da quantidade da sedação e/ou analgesia, do resultado do procedimento e do serviço. A avaliação pós-operatória consiste na verificação da freqüência respiratória e ritmo cardÃaco, do nÃvel de consciência, da saturação de oxigênio e da medida da pressão arterial, condições da ferida operatória, curativo, permeabilidade das vias de acesso e das drenagens e da avaliação do nÃvel de dor do indivÃduo. É de extrema importância que o enfermeiro reconheça os sinais e sintomas na prevenção e no impedimento dos problemas no pós-operatório. Desta forma, é importante que o enfermeiro ponha em prática a sistematização da assistência de enfermagem fazendo o histórico, diagnóstico, planejamento, intervindo e avaliando a resposta do paciente.
De acordo com o Padrão e Parâmetros de Prática (Aprovado pelo ASA Casa de delegados 12/10/1988, e emenda no dia 37/10/2004) o médico é responsável pela alta do paciente. Porém, deve haver consonância entre o anestesista e o enfermeiro da SRPA. Quando um escore de alta é utilizado na SRPA, este tem que ser aprovado pelo departamento de anestesiologia da instituição. A pontuação pode variar dependendo se o paciente receberá alta para o quarto do hospital, para a UTI ou para outra unidade de curto prazo ou casa. (46)
A alta também se dá através da avaliação do enfermeiro quando detecta a estabilidade das condições orgânicas do paciente, como: (45,9)
- Saturação de oxigênio normal;
- Presença de reflexos glossofarÃngeos;
- Paciente orientado no tempo e no espaço;
- Ausência de sangramento ativo na ferida operatória;
- Ausência de retenção urinária;
- Inexistência de queixa álgica ou manutenção de dor sob controle;
- Sinais vitais estáveis;
- Sinais de volemia adequada, como volume urinário de 30ml/h e PA estabilizada no nÃvel de normalidade do paciente;
- Ausência de náuseas e vômitos;
- Presença de atividade e força muscular;
- Presença de sensibilidade cutânea após bloqueio motor;
- Valor de Aldrete e Kroulik entre 8 e 10, quando utilizado no serviço.
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